Novos white papers da Ripple prometem mudanças à XRP

A startup que cuida do desenvolvimento da terceira maior criptomoeda do mundo, a XRP, está se preparando para melhorar a tecnologia em cima da qual a referida criptomoeda opera.

A Ripple anunciou nesta quarta-feira que liberará dois novos white papers para serem avaliados – um descreve o algorítimo da XRP de uma maneira mais formal, enquanto o outro traça uma forma de melhorar a diversidade de conexões de cada nodo, o software que os usuários executam para transmissões e a verificação de transações da network.

Juntas, estas jogadas mostram que a Ripple, cujos investidores incluem bancos como Santander e SBI, está pronta e disposta a investir na infraestrutura que serve de sustentáculo para sua criptomoeda que, apesar de não acompanhar os passos da companhia de vez em quando, atualmente possui uma capitalização total de mercado de US$40 bilhões.

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Mesmo assim, enquanto a XRP se tornou um dos cripto ativos mais demandados, em alguns aspectos o seu desenvolvimento deixa a desejar em relação a outras opções, como bitcoin e ether.

De fato, o CTO da Ripple, Stefan Thomas, classificou os documentos como um passo rumo a uma relação mais próxima entre o setor de pesquisa da companhia e os conceitos técnicos de sua tecnologia. Em suma, a startup deseja facilitar aos seus pesquisadores o acompanhamento da tecnologia da Ripple, tornando mais fácil a contribuição dos mesmos.

Em uma entrevista, Thomas ressaltou como os documentos abrem possibilidades de construir uma network em volta da tecnologia – algo que pode ser crucial, tendo em vista que traders estão se envolvendo cada vez mais com a mesma.

Thomas disse:

“Esta é a primeira vez que nós publicamos documentos com conteúdo acadêmico para revisão. Obviamente, isto abre as portas para futuras pesquisas. Após tudo isso, eu espero que vocês ouçam muito mais de nós interagindo com conceitos acadêmicos.”

De forma mais ampla, os documentos podem ser vistos, talvez, como a primeira tentativa da companhia em algum tempo de se atualizar e melhorar sua documentação referente à plataforma open-source – este trabalho é o primeiro desde 2014 a detalhar a ledger da XRP, chamada Ripple Consensus Ledger.

Desta forma, os documentos são a prova da evolução contínua da Ripple, que após o seu lançamento objetivando a utilização de criptomoedas na criação de uma network segura de pagamentos, agora busca substituir os serviços de mensagem e liquidez centralizados dos bancos por alternativas descentralizadas.

Jogando na defensiva

Para Thomas, contudo, ambas as publicações possuem um objetivo único: segurança.

“O que queremos com isso é adicionar mecanismos de defesa em casos improváveis de ataque. Basicamente, isto quer dizer que você não pode manipular completamente a network,” ele explicou.

A palavra chave aqui é “improvável”. Thomas alega que estes ataques não são possíveis a menos que o atacante seja uma figura estatal, como o governo dos Estados Unidos, com dinheiro e recursos tecnológicos suficientes para corromper a network. Embora ele não esteja preocupado com esta possibilidade, Thomas disse que, de qualquer forma, a startup está trabalhando para se proteger destes cenários.

“Somos extremamente cautelosos. Nós queremos o que há de melhor em segurança,” ele acrescentou.

O primeiro documento, intitulado “Análise do Protocolo XRP Ledger Consensus”, se baseia no documento de 2014 da companhia, prestando uma prova formal e matemática de que a network executará o que propôs. Ele se resume em dois pontos: “segurança,” afirmando que a network não sofrerá um fork, gerando duas networks competidoras; e “vivacidade”, prometendo que a network não ficará encalhada e continuará processando transações.

O segundo documento, com o título de “Cobalt: Governança BFT em Networks Abertas”, busca melhorar os planos anteriores da XRP com um algorítimo que suporta uma gama mais rica de validadores.

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Você pode imaginar a XRP como uma espécie de sistema de voto, onde cada nodo armazenando o histórico de transações da Ripple pode votar no que acontece a seguir. Para ajudar nesta função, cada nodo carrega algo chamado Lista Única de Nodos (UNL), uma lista de nodos da network Ripple que o nodo votante considera legítima.

Então, se cada nodo está conectado a uma variedade melhor de nodos, isto é bom para a resiliência e descentralização da rede a longo prazo.

Ambos os documentos estão carregados de pontos sobre sistemas distribuídos, uma área de pesquisa da ciência da computação que descreve como grandes networks conectadas funcionam. Por serem mais teóricos, Thomas ressaltou, estes documentos provavelmente terão um impacto a longo prazo.

“Eles não afetarão como os usuários utilizam a XRP agora. Períodos de queda e problemas semelhantes não serão experienciados,” ele garantiu.

Um passo atrás

Apesar do exposto, ainda resta saber se os desenvolvimentos da Ripple, incluindo estes novos documentos, serão suficientes para acalmar as críticas em relação à empresa e seu relacionamento turbulento com a XRP. É válido notar que alguns se mantiveram céticos em relação à esta tecnologia desde o início, e que as críticas apenas aumentam conforme a XRP ganha mais atenção.

Os críticos são, geralmente, apoiadores de outros blockchains, como bitcoin e ethereum, que buscam utilizar a descentralização de uma forma diferente. Alguns argumentam que a tecnologia da Ripple não serve como alternativa para a tecnologia financeira global atual.

Thomas, entretanto, segue inabalado por estas avaliações negativas.

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Em declarações, ele considera as críticas sempre ultrapassadas, enquanto ressalta que a natureza da tecnologia da sua empresa é melhorar e responder às necessidades do mercado.

“Críticos estão sempre um passo atrás,” afirmou Thomas. “Quando comecei a trabalhar na Ripple, todo tipo de coisa nos faltava. Não éramos open-source, não tínhamos validadores, contudo, com o decorrer do tempo crescemos e adquirimos todas estas características.”

Assim sendo, Thomas vê os documentos como uma forma da Ripple responder às necessidades do mercado, seja garantindo uma alternativa ao SWIFT, seja tornando sua criptomoeda segura.

Segundo ele, trabalhar na questão da centralização de validação é o próximo passo, afirmando ainda que a Ripple será “muito mais descentralizada” do que o Bitcoin no futuro.

Fonte: CoinDesk

Edição: Webitcoin