O enigma dos gigantes do Bitcoin: O que o dinheiro inteligente está sinalizando agora

Em meio à estagnação de preços e incertezas macroeconômicas, grandes investidores acumulam Bitcoin silenciosamente — mas isso significa que a próxima alta está próxima?
Enquanto o preço do Bitcoin se mantém praticamente inalterado nas últimas semanas, girando em torno de US$ 106.500, os bastidores contam uma história muito mais interessante: os grandes players do mercado, as baleias, estão se movimentando novamente.
Segundo dados on-chain da Santiment, o número de carteiras com 10 BTC ou mais atingiu um pico de 3,5 meses, somando mais de 152 mil endereços, cada um com mais de US$ 1 milhão em Bitcoin. Esse movimento acontece em meio à aparente apatia do mercado, sugerindo que investidores institucionais e de alto patrimônio estão acumulando silenciosamente enquanto o varejo esfria.
Esse padrão é recorrente em ciclos anteriores: os momentos de consolidação de preço geralmente servem como janelas de oportunidade para o capital experiente se posicionar antes de grandes ralis. Ainda que não garanta uma alta iminente, o comportamento das baleias costuma ser um indicativo de confiança no médio e longo prazo.
Contudo, nem tudo são sinais de alta.
Um novo relatório da Glassnode aponta que o ímpeto de mercado diminuiu visivelmente. A atividade on-chain caiu cerca de 32% desde o final de maio, e os lucros realizados — que já haviam superado US$ 650 bilhões neste ciclo — começaram a se estabilizar. Além disso, o volume de negociação à vista permanece baixo, mesmo com o Bitcoin tentando superar a marca dos US$ 111 mil.
Nos mercados futuros, o cenário também é de cautela: o interesse aberto caiu 7%, os prêmios das negociações estão em queda e as liquidações aumentaram, sugerindo menor apetite por alavancagem. Tudo isso aponta para um mercado mais contido, com menor convicção entre os traders.
Paralelamente, grandes compras institucionais continuam alimentando a base de apoio do ativo. ETFs de Bitcoin movimentaram cerca de US$ 1,5 bilhão em apenas três dias, puxados principalmente pelo fundo da BlackRock, que sozinha adquiriu mais de 9.400 BTC. Desde o lançamento desses produtos, o fluxo total de entrada já se aproxima dos US$ 50 bilhões — uma evidência do interesse institucional de longo prazo, mesmo em fases de baixa volatilidade.
Outro fator surpreendente é o papel crescente de governos na acumulação de BTC. O pequeno reino do Butão revelou ter minerado silenciosamente mais de 12 mil Bitcoins desde 2020, hoje avaliados em quase US$ 1,3 bilhão — o equivalente a 40% do PIB do país. Com energia hidrelétrica abundante, o país asiático tem explorado o Bitcoin de forma sustentável, colocando-se entre as nações mais expostas ao ativo digital, atrás apenas de Estados Unidos e China.
A combinação desses elementos — acumulação silenciosa por baleias, compras institucionais robustas via ETFs, e adoção estratégica por governos — sugere que, mesmo sem sinais imediatos de alta, o terreno está sendo preparado.