O perfil especulativo impede a massificação do Bitcoin?

Pesquisa americana aponta baixa uso da criptomoeda em operações comerciais. É a deixa para analisar se o perfil especulativo do Bitcoin está barrando sua adoção como meio de pagamento.

A Chainalysis, empresa de blockchain cuja atuação inclui pesquisas sobre o setor, divulgou um estudo que dá base a uma análise interessante sobre o perfil especulativo do Bitcoin. De acordo com a player americana, apenas 1,3% de todas as transações com Bitcoins realizadas no primeiro quadrimestre de 2019 estavam relacionadas a operações comerciais. Por outro lado, a movimentação a partir das corretoras respondem pelo alto percentual de 89,7%.

Mas qual seria o motivo para a baixa taxa de aplicação comercial da criptomoeda? A matéria que divulga o estudo, presente no Bloomberg, traz uma visão apoiada na análise de Kim Grauer, economista sênior da Chainalysis. Para ele, os números sugerem que os usuários do Bitcoin permanecem intensamente focados no uso especulativo e isso faz com que a moeda virtual não desenvolva seu potencial como meio de pagamento.

Especulação x uso cotidiano

Em outras palavras, a volatilidade, que determina picos de valorização e desvalorização do ativo, estimula os investidores a pensar mais na perspectiva de alto lucro, mantendo suas criptomoedas guardadas, do que no papel do Bitcoin na construção de um novo sistema financeiro. Outro bom dado indicativo, no mesmo sentido, registra que o pico de utilização do Bitcoin em transações comerciais se deu no final 2017, quando a criptomoeda também atingia sua maior cotação histórica. Ou seja, havia um ânimo instaurado na base do mercado especulativo. E ainda assim, o uso para pagamentos se restringia a 1,5%, taxa similar a atual, quando também de observa o trânsito da moeda virtual no canal de alta.

São percepções que fazem com que analistas não apostem na difusão do Bitcoin como dinheiro, pelo menos por enquanto. Por isso, a criptomoeda também é tratada como ouro 2.0, ou digital. O metal, pelos idos de 1800, além de lastrear as moedas fiduciárias, era mantido em reserva por diferentes nações do mundo para garantir o valor do seu dinheiro.

Resta a pergunta. Estaria o interesse especulativo comprometendo a missão visualizada por Satoshi Nakamoto, que pensava numa moeda para comprar até mesmo o café da esquina? Ou não devemos pensar no sucesso do Bitcoin a partir de seu possível uso como dinheiro, etendendo que, por outras características, ele cumpre seu papel para um novo sistema financeiro global?

COM INFORMAÇÕES DE: COINTELEGRAPH

 

 

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Foto de Daniela Risson O autor:

Jornalista desde sempre interessada pelos canais digitais, tem se dedicado à estratégia e produção de conteúdos. Em 2018, se aproximou da temática das criptomoedas e atua como redatora de projetos do mercado financeiro digital.