O que os venezuelanos pensam sobre sua nova criptomoeda nacional, a petro
A mídia está em polvorosa desde terça-feira, quando teve início a venda da criptomoeda apoiada pelo governo venezuelano, petro, cujas análises estão divididas.
Até então, o presidente venezuelano Nicolas Maduro alegou que o país já coletou US$735 milhões durante o primeiro dia de pré-venda da nova criptomoeda. Apesar da falta de provas, a declaração foi dada durante uma transmissão nacional, onde Maduro declarou que o país deu um passo gigantesco em direção ao século 21.
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O governo venezuelano revelou a petro em dezembro, criando uma agência governamental dedicada a cuidar do desenvolvimento do projeto, além de construir um ecossistema para a moeda dentro do país. Antes da venda, o governo publicou o white paper da petro, um guia para compradores e, recentemente, estabeleceu regras para a criação de exchanges dentro da Venezuela.
A iniciativa fez com que tweets fossem lançados em apoio – e em oposição – à ideia, com a hashtag #AlFuturoConElPetro (ao futuro com a petro).
Por exemplo, um advogado tweetou:
“Tem um início uma nova era econômica na Venezuela. A recém criada criptomoeda, chamada petro, tem muitos desafios pela frente, mas seu avanço será importante para uma progressiva regularização da economia.”
Talvez não surpreendentemente, membros da Assembleia Nacional – controlada por partidos políticos em oposição a Maduro – criticaram a ação, através de declarações emitidas horas após a transmissão do evento na terça-feira.
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Dentre aqueles contrários à petro, está Marialbert Barrios, uma deputada venezuelana que perguntou:
“Quem em sã consciência compra uma criptomoeda de um governo que não paga a dívida externa, com uma economia hiper inflacionada?”
https://twitter.com/MarialbertBs/status/966283482656919553
As alfinetadas da Assembleia são feitas durante um agudo impasse político vivenciado entre a oposição e o governo Maduro. Segundo a Reuters, os partidos de oposição provavelmente boicotarão a eleição presidencial de abril, alegando que a mesma está sendo manipulada para favorecer Maduro.
O deputado Rafael Guzman chamou a criptomoeda de fraudulenta, reiterando argumentos de que ela influenciará atividades ilegais.
“A petro é um mecanismo fraudulento, ilegal e inválido para que o governo dê continuidade aos seus negócios escusos e à lavagem de dinheiro, pois não se sabe de onde estes recursos serão tirados,” ele escreveu.
Base de apoio
Em contraste às denúncias da oposição, vários funcionários do governo venezuelano utilizaram suas mídias sociais (ou das agências das quais fazem parte) para promover a petro.
Uma delas é a SENIAT, autoridade fiscal venezuelana, que alegou que os residentes poderão utilizar a petro para pagar seus débitos.
https://twitter.com/SENIAT_Oficial/status/966300221436182529
“O estado aceitará o pagamento de impostos, serviços, taxas e contribuições através da petro,” escreveu a agência.
Mariana Ribera, da Infocentros, que opera uma rede de centros de TI na Venezuela, também celebrou a ação no Twitter.
“Esta iniciativa, este novo Sul, nos dá uma gama de opções e oportunidades no mercado nacional e internacional, abrindo novos horizontes que não possuem limites,” ela escreveu.
Outros tweets apoiaram a jogada, incluindo daqueles que estão nos consulados venezuelanos localizados em Hong Kong e Vancouver.
O Twitter oficial de Maduro também fez uma série de postagens, incluindo uma feita hoje com uma parte da transmissão realizada ontem:
https://twitter.com/NicolasMaduro/status/966352119996518400
Usuários de Bitcoin locais estão preocupados
Enquanto isso, voltando à oposição, políticos na Venezuela não são os únicos rechaçando a ideia.
Enquanto o ceticismo exposto pelos legisladores venezuelanos pode ser visto como uma consequência da crise política pela qual passa o país, as críticas feitas pelos membros locais das comunidades de bitcoin e das criptomoedas no geral são mais focadas no controle que Maduro terá sobre a criptomoeda criada.
Em um post de um grupo do Facebook, um usuário comentou que é realmente preocupante o fato do governo exercer tanto controle, especialmente considerando os esforços realizados para que as pessoas comecem a utilizar a petro.
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Seu medo, ele diz, é que o governo tenha absoluto poder para manipular e adulterar o blockchain da petro à vontade.
Outros argumentaram que a petro não é uma moeda descentralizada.
“Isso é o que faz da petro uma obrigação, e não uma criptomoeda em si, tirando o perigo que estes caras por trás do projeto representam,” escreveu um membro da comunidade.
Outro observador ofereceu uma opinião mais ampla, comentando na postagem:
“Tirania é isso: o monopólio do poder nas mãos de uma classe política que se importa apenas consigo mesma.”
Fonte: CoinDesk
Edição: Webitcoin