O que você precisa saber sobre sites de listagem de criptomoedas

O fantástico cassino de criptomoedas

FUD, baleias, pump and dump de shitcoins. Alguns dos problemas mais comuns que permeiam o cotidiano das criptomoedas.

Isso desvia o foco de um problema muito maior que se institucionalizou na esfera, e tem lesado diversos investidores. Estamos falando do “cassino das altcoins”.

Bom, este cassino é composto por uma “santíssima trindade”: criadores de altcoins, exchanges de criptomoedas e sites de listagem. Os recentes problemas envolvendo falsificação no volume de troca das exchanges, que fez até com que o CoinMarketCap alterasse sua política de listagem, além de fazer com que plataformas de troca bolassem novas formas para forjarem seus volumes, estão completamente atrelados a essa festa. Vamos entender como esse esquema funciona, passo a passo.

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Criadores de altcoins

Vamos lá. Se você programa de qualquer jeito, você consegue criar uma altcoin. Isso aí, criar aquele token ERC20 não é a maior façanha do mundo.

O desafio não é dar vida à uma Golpecoin, mas desenvolver os laços sociais – vulgo marketing. Para que investidores te deem atenção, você precisa fazer com que seu projeto pareça minimamente bacana, diferentão. Esse é o primeiro passo.

Depois do primeiro passo, vem o mais importante: demonstrar que sua altcoin tem liquidez. E como você faz isso? Listando ela em uma exchange!

Essa é a forma como muitas exchanges, inclusive a Binance, fazem grandes fortunas. Durante a ICO, parte da quantia arrecadada já está separada para que o token seja listado em uma grande exchange. É o começo do cassino, fazer com que o investidor acredite que a altcoin é séria, um projeto diferente.

Isso ainda ganha uma forma maior, porque os autores dos projetos geralmente detêm a maior parte dos tokens. Ou seja, eles fazem o pump por meio da listagem, vendem suas posses e saem ricos! Os investidores, nem tanto.

Webitcoin: O que você precisa saber sobre o CoinMarketCap e afins
Criando um ERC20

Exchanges de criptomoedas

Existem dois tipos de exchanges: aquelas com políticas estritas de AML/KYC, e os cassinos de altcoins. A Binance, por exemplo, é um cassino. Mas por que?

Bom, a política de listagem da exchange baseada em Malta já foi duramente criticada em redes sociais, como o Twitter. Seu CEO, Changpeng Zhao, respondeu às acusações. Mas elas vão desde antes dos últimos acontecimentos, e o que nos interessa é: há um mercado intrínseco na listagem de tokens.

Tanto existe que, recentemente, a Binance afirmou que as taxas de listagem serão doadas para a caridade. E isso é um problema – as taxas, não o direcionamento para caridade.

Como falado acima, os projetos levantam altas quantias para pagar pela listagem de seus tokens nas exchanges. E, por mais que os operadores neguem, essas quantias são aceitas. Ninguém é maluco aqui de negar 400 BTC!

Para atrair o dinheiro destes projetos, as exchanges começam a falsificar seus volumes de troca. Elas querem ser as maiores, para que os cripto projetos queiram listar seus tokens com elas. E quem lista os volumes das exchanges? CoinMarketCap e afins. Esse é o intuito desse artigo.

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Sites de listagem

Bom, quem nunca conferiu o desempenho de suas criptomoedas preferidas no CoinMarketCap, não é mesmo? Procurar um lugar para liquidar aquele token pouco conhecido é fundamental.

Mas vamos lá: os sites de listagem lucram com anúncios. Exchanges querem parecer maiores, para atraírem a atenção de cripto projetos, que querem atrair atenção de investidores. Até aí, tudo bem. Vivemos no capitalismo, o aluguel não se paga sozinho. Apesar de questionável, tudo ok até agora.

Mas aí a coisa fica mais séria. Além de lucrarem com anúncios, sites de listagem utilizam os famosos reflinks. Isso quer dizer que, ao colocarem o banner de um projeto, eles ganham com os cliques. E eles pouco se importam com a seriedade do projeto. Quer ver?

De abril até novembro de 2017, o CoinMarketCap tinha um banner do BitConnect – o famoso esquema ponzi que prejudicou diversos investidores. Tá aqui a imagem, salva por Nic Carter:

Webitcoin: O que você precisa saber sobre o CoinMarketCap e afins

Eles erram não só por anunciarem golpes, mas também por lucrarem com os cliques! Dá uma olhada no quanto o CMC ganhou com os reflinks do BitConnect:

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A trama é complicada. Você notou como isso funciona?

Um grupo cria uma altcoin, lista ela em uma exchange. A altcoin passa por um pump de uns dois dias, os autores do cripto projeto vendem tudo, garantem o dinheiro.

exchange ganha com as taxas transacionais e, mais importante, com a taxa de listagem.

Os sites de listagem/agregadores ganham com os reflinks e anúncios. Tá armado o cassino, e quem ganha é a santíssima trindade, às custas dos investidores.

Por isso, muito cuidado quando for comprar aquela altcoin da qual ninguém ouviu falar, só porque ela está passando por um pump. Ele pode acabar do nada, e quem sai no prejuízo é você.

Tenha em mente que esse é um cassino. E no cassino, a banca sempre vence.

Este artigo foi inspirado na publicação de Nic Carter, co-fundador da Coinmetrics.io.