Opinião: Investir em Solana (SOL) é loucura

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Quando as falhas recorrentes da rede serão resolvidas? Imagem: Reprodução

Quedas constantes, intermitências e vulnerabilidades não resolvidas ilustram a ineficácia e a incompetência da equipe por trás da blockchain.

Solana? Não, obrigado

Esta é a sétima vez (sim, sétima) que a rede da blockchain Solana fica fora do ar. Vários robôs (bots) executaram inúmeras transações por segundo para mintar tokens não fungíveis (NFTs), o que, mais uma vez, sobrecarregou a plataforma.

Foram mais de quatro milhões de transações por segundo, segundo informações do Cointelegraph. O problema, mais uma vez, está relacionado ao software Metaplex Candy Machine, utilizado para o processo de mintagem de NFTs.

Em sua conta oficial no Twitter, os desenvolvedores da Solana compartilharam um documento a respeito da reinicialização do cluster da Mainnet Beta.

Graças ao embuste, o token nativo da plataforma desvalorizou mais de 10% em poucas horas, segundo dados do CoinMarketCap.

Sete vezes ruim

Anatoly Yakovenko fundou a Solana Labs em 2017, empresa por trás do projeto blockchain. A proposta por trás do ecossistema é interessante: ela opera por meio dos protocolos de consenso Prova de Participação (PoS) e Prova de História (PoH), sendo este último de autoria dos desenvolvedores.

O protocolo PoH permite que cada transação seja cronometrada. Com isso, os nós (nodes) são capazes de saber exatamente quando cada bloco foi criado, sem depender dos demais validadores. Isso, em teoria, garante à rede transações de grande velocidade – algo em torno de 65 mil transações por segundo.

Contudo, de nada adianta as propostas ousadas se a blockchain não é capaz de resolver problemas antigos e incrivelmente recorrentes: esta é a sétima queda do serviço em um espaço de tempo relativamente curto.

Além disso, segurança e estabilidade estão entre os pontos mais importantes em qualquer projeto blockchain. Não existem sistemas 100% seguros: todos possuem falhas, descobertas ou não, que podem comprometer sua integridade em algum momento.

Mas a recorrência frequente mostra que, talvez, os desenvolvedores da Solana tenham dado o passo maior que a perna. Afinal, propostas ousadas trazem novas funcionalidades; novas funcionalidades trazem novos riscos.

Adoração do público

É perfeitamente compreensível que a Solana tenha sua base de fãs fiéis, assim como o Bitcoin ou qualquer outro projeto consolidado. Mas mesmo os investidores mais ferrenhos devem questionar-se: será que uma blockchain, vítima de sete quedas em um espaço tão curto de tempo, merece seu tempo e dinheiro?

A desculpa de que o projeto é muito recente e inovador não é válida. O Bitcoin, desde o lançamento de sua blockchain, em janeiro de 2009, jamais ficou inoperante. Lentidões, sim, foram bastante comuns, pois sua rede, pelo menos por ora, não é capaz de processar muitas transações por segundo – mas a integridade da rede continua intacta há 13 anos.

A impressão passada pela Solana é que os desenvolvedores, em linhas gerais, não sabem o que estão fazendo. Muitos usuários, talvez por medo de registrar grandes perdas financeiras, fingem que nada do que está acontecendo é tão grave assim.

É triste ver um projeto tão valorizado e promissor nas mãos de uma equipe tão inapta em garantir o funcionamento contínuo do ecossistema – algo tão óbvio que sequer deveria ter de ser citado. Em seu atual estado, injetar capital no projeto é mais uma brincadeira de roleta-russa que um investimento.

Foto de Rafael Motta
Foto de Rafael Motta O autor:

Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.