Opinião: Por que o mundo cripto está melhor sem a China?
Embargos, perseguições e censura levaram o governo chinês a tomar medidas extremas; mas o banimento, pelo que parece, ajudou a equilibrar as coisas.
Banimento
Em setembro de 2021, o governo chinês decidiu banir toda e qualquer atividade relacionada a criptomoedas: exchanges, mineração, serviços financeiros diversos ou mesmo transações P2P são consideradas ilegais e seus pares podem sofrer severas sanções jurídicas.
Mas esta não é a primeira vez que o governo chinês ataca o mundo cripto. Na verdade, a novela é antiga: desde 2013, a China baniu o Bitcoin cinco vezes. O primeiro anúncio foi feito pelo Bloomberg.
Consequências
Antes do último banimento, a China possuía mais da metade do poder de mineração de Bitcoin, também conhecido como hash rate. As informações podem ser conferidas através do site Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index.
Atualmente, o poder de mineração está bem distribuído e Estados Unidos, Rússia e Cazaquistão estão são os países com maior concentração de mineradores – mas nada desproporcional como quando a China permitia as atividades em seu território.
A concentração de mineradores em um mesmo local pode ser algo bastante perigoso: apesar de o Bitcoin ser uma das tecnologias mais seguras do mundo, ele é suscetível a ataques de 51%: eles podem ocorrer se um determinado grupo possuir mais da metade do hash rate de toda a rede – e a China, à época, possuía pouco mais que isso.
Instabilidade
O mercado cripto, pelo menos ainda, é bastante volátil e seu preço é bastante suscetível a questões governamentais – seja para o bem ou para o mal.
Enquanto o mercado concentrava seus esforços na China, o clima de incerteza era muito mais concentrado; afinal, se grande parte dos negócios e do poder de mineração estão concentrados em um país indeciso, com tendências autoritárias, o que esperar do futuro?
Como resultado, tanto o Bitcoin como as criptomoedas mais populares sofriam frequentemente os efeitos da arbitrariedade governamental chinesa.
Ainda que, no que se refere à volatilidade, tanto o Bitcoin como as altcoins continuem na mesma, o mundo respira aliviado por não mais ser vítima de decisões inconsequentes e apressadas de autoridades preocupadas com a manutenção de seus poderes, e não com sua população.
Verdade seja dita, tal libertação do mundo cripto poderia ser aproveitada pelo resto do mundo dentro de outros espectros.
Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.