Pesquisa: maior parte dos brasileiros não sabe o que são sistemas de classificação social

Estudo da Kasperky discorre acerca de alguns comportamentos dos brasileiros envolvendo suas informações pessoais

De acordo com uma pesquisa da empresa de segurança cibernética Kaspersky, os brasileiros desconhecem como funcionam os sistemas de classificação social, com muitos ficando felizes em fornecer detalhes particulares em troca de todos os tipos de benefícios,

De acordo com a pesquisa global “Social credits and security: embracing the world of ratings” (Créditos sociais e segurança: abraçando o mundo das classificações), 61% dos consumidores brasileiros não conhecem ou nunca ouviram falar de sistemas de classificação social.

Baseados no comportamento e influência dos usuários na Internet, esses sistemas foram inicialmente utilizados por provedores de serviços financeiros e varejistas on-line, mas são cada vez mais vistos em outros lugares.

O estudo teve como objetivo entender a prontidão do consumidor em termos de práticas de classificação social e observou que a adoção de tais sistemas está aumentando nos governos de todo o mundo como parte dos esforços para combater a pandemia de Covid-19, com a implementação de sistemas automatizados para controlar os movimentos das pessoas, sua capacidade de comprar bens e seu acesso a serviços sociais.

Apesar desses desenvolvimentos, o estudo descobriu que os consumidores brasileiros desconhecem principalmente como a pontuação social opera. Entre os que afirmaram estar familiarizados com esses sistemas, 39% lutam para entender como eles funcionam e como são implementados. As principais áreas em que os entrevistados pareciam não compreender são como descobrir sua pontuação social, como é calculada e como isso pode ser corrigido em caso de circunstâncias imprevistas.

Além disso, o estudo constatou que os brasileiros estão dispostos a permitir a coleta de seus dados pessoais, desde que deem algo em troca. Cerca de 43% dos participantes do estudo da Kaspersky no Brasil compartilhariam dados privados sensíveis para garantir um melhor ranqueamento nos sistemas de classificação social, descontos ou para receber serviços personalizados.

“Governos e organizações estão sendo digitalizados e precisamos aproveitar os benefícios que a tecnologia oferece, mas sem comprometer nossa segurança e privacidade”, disse Thiago Marques, analista de segurança da Kaspersky Brasil.

“É por isso que o nível de acesso às informações pessoais e a vida digital desses programas de classificação social precisam ser claros e, o mais importante, como eles irão processar e proteger esses dados”, acrescentou Marques. “Isso é especialmente crítico, dada a atual situação de isolamento em que vivemos quando as pessoas não têm outra escolha a não ser usar serviços online”.

Segundo o relatório, os consumidores brasileiros estão ainda mais dispostos a compartilhar seus perfis de mídia social em troca de outros benefícios, como proteger seu emprego, encontrar um lugar melhor para morar, um lugar em uma boa escola para seus filhos ou obter um visto.

Além das dificuldades conceituais, questões técnicas também dificultam a compreensão do usuário sobre a pontuação social, argumentou o relatório, citando fatores como o funcionamento dos algoritmos usados ​​na classificação social que geralmente usam machine learning – de acordo com o relatório, isso dificulta o conhecimento de quais escolhas serão feitas e tornará esses sistemas “quase impossíveis de confiar”, especialmente quando se trata de segurança.

De acordo com a análise da Kaspersky spbre os sistemas de classificação social, quando se trata de aspectos de segurança, esses programas podem ser especialmente vulneráveis ​​à manipulação artificial, resultando em consequências como a redução da pontuação para vários propósitos. A empresa de segurança cibernética também alerta sobre o surgimento de um novo tipo de mercado clandestino, no qual as pontuações dos usuários seriam convertidas em dinheiro real e vice-versa.

Pesquisas separadas, realizadas pela The Harris Poll em nome da IBM, sugerem que 5 em cada 10 consumidores brasileiros sabem que suas informações são sempre ou frequentemente compartilhadas com outras organizações das quais eles desconhecem. Cerca de 81% dos brasileiros admitiram ter perdido o controle em termos de como seus dados estão sendo usados ​​pelas empresas.

Fonte: Zdnet

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Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.