Procuradoria Geral de NY fecha o cerco em torno da exchange Bitfinex
Autoridades exigem que a exchange entregue os documentos relacionados à Tether
Anteriormente o WeBitcoin noticiou que a exchange Bitfinex foi acusada pela Procuradoria Geral de Nova York de utilizar fundos dos clientes para cobrir um rombo de aproximadamente US$850 milhões.
De acordo com a procuradoria, a plataforma transferiu a quantia para uma empresa panamenha chamada Crypto Capital Corp, a qual aparentemente atuava como intermediária na transferência de dólares americanos para traders de cripto da Bitfinex. Segundo um documento emitido pela autoridade, a exchange recorreu aos serviços da empresa pois não foi capaz de encontrar um banco “respeitável” para processar os depósitos e saques de seus clientes.
O documento segue dizendo que “apesar das centenas de milhões de dólares que estava entregando, a Bitfinex nunca assinou um contrato ou outro tipo de acordo” com a empresa. Algum tempo depois, a exchange aparentemente se deu conta de que os fundos enviados foram perdidos, desviados ou roubados, e supostamente decidiu recorrer ao fundos dos clientes para tentar cobrir o rombo deixado.
De acordo com a procuradoria, em novembro a Bitfinex transferiu US$625 milhões da conta bancária legítima da Tether para a sua própria, dando em troca um “crédito” da Crypto Capital que o documento aponta como “ilusório”, visto que a exchange já tinha conhecimento de que a empresa estava se recusando ou estava impossibilitada de processar saques e depósitos.
Tether, linha de crédito e o vínculo com o dólar americano
Uma investigação destacou que na época a plataforma recebeu uma “linha de crédito” das reservas de Tether em uma quantia que variava de US$600 a US$700 milhões, e que a transação era “iminente”. Posteriormente foi descoberto que a quantia transferida ultrapassou o reportado, atingindo um valor próximo a US$900 milhões.
Pouco depois o mercado de cripto recebeu a notícia de que o Tether não era totalmente atrelado ao dólar americano. O anúncio foi realizado pelo site oficial da moeda, que dizia:
“Cada Tether é 100% lastreado por nossas reservas, o que inclui moedas tradicionais e equivalentes ao dinheiro e, de tempos em tempos, pode incluir outros ativos e recebíveis de empréstimos feitos pelo Tether a terceiros, o que pode incluir entidades afiliadas.”
Até o momento, foi divulgado que a exchange recebeu o total de US$750 milhões das reservas de Tether, um adicional de US$150 milhões à quantia máxima previamente estabelecida.
Fraude declarada
De acordo com a procuradoria, os casos somados são o suficiente para acusar a Bitfinex de fraude e omissão de informação aos traders e clientes, além de violar uma série de leis locais.
Agora, para tentar concluir a situação, a Procuradora Letitia James exige que a exchange libere a documentação envolvendo o Tether, afirmando que a plataforma teve tempo mais que suficiente para resolver a situação e que a procuradoria quer todos os documentos relevantes que explicam o papel desempenhado pelo Tether no caso.
“Nós demos muito tempo para resolver essas situações e meses além de suas estimativas originais, nós precisamos de mais transparência agora. (…) Enquanto essas e outras discrepâncias não mudam a natureza problemática deste caso – que a Bitfinex e a Tether enganaram seus clientes e investidores – elas apenas destacam a necessidade da OAG de obter os documentos e informações de uma forma organizada e oportuna que que a OAG possa entender o que ocorreu, e o que continua ocorrendo, nessas empresas.”
Anteriormente a exchange informou por meio de um comunicado que a quantia enviada à Crypto Capital não foi perdida ou roubada, “mas foi, de fato, apreendida e salvaguardada”, acrescentando que os documentos publicados pela procuradoria foram “escritos de má fé e estão repletos de afirmações falsas”.
Recentemente foi noticiado pelo WeBitcoin que a Bitfinex pretende arrecadar US$1 bilhão com a ICO de um token chamado LEO. Muitos apontam que a iniciativa pode ser uma tentativa de recuperar os fundos desviados dos clientes, ou mesmo para cobrir prejuízos pendentes do hack sofrido em 2016, quando a plataforma perdeu cerca de 120 mil Bitcoins.
Simpatizante das criptomoedas, após cursar Arquitetura e Urbanismo, reavivou um antigo gosto pela escrita e atualmente trabalha como redatora do WeBitcoin.