Ataques hacker, instabilidade na rede e outros problemas são muito comuns em projetos blockchain mais recentes; será que eles estão dando um passo maior que a perna?

Problemas frequentes

Não são poucos os casos noticiados pela imprensa a respeito de vulnerabilidades em plataformas de negociação de criptoativos (exchanges) e ecossistemas blockchain embrionários.

OpenSea, plataforma de negociação de tokens não fungíveis (NFTs), sofreu um ataque hacker devido a uma falha front-end; os criminosos responsáveis pelo embuste teriam arrecadado cerca de 332 ETH (US$ 745.598). As informações foram passadas pela Peckshield, empresa especializada em segurança em blockchain.

Pela quarta vez, Solana (SOL) saiu do ar devido ao alto volume de robôs (bots) executando “transações duplicadas excessivas”.

A Verge (XVG), criptomoeda focada em transações anônimas, sofreu seu terceiro ataque de 51% em fevereiro de 2021. O ataque é executado quando um usuário consegue controlar mais da metade do poder computacional de toda a rede.

Durante o ataque, 200 dias de transações em XVG foram apagados do histórico de transações. Mas é seguro dizer que problemas em blockchain são muito mais comuns do que deveriam.

Promessas demais

Diversos projetos blockchain prometem inovações importantes no que se refere a velocidade de rede e taxas de transações. Porém, muitos dos principais projetos em execução estão sendo vítimas de ataques, o que coloca suas reputações em cheque.

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O Bitcoin, apesar de não ter o melhor desempenho e as melhores taxas, possui uma rede incrivelmente segura e imaculada; por outro lado, Solana e Verge buscam inovações incríveis, mas sem uma camada de segurança adequada para garantir confiabilidade.

Seus desenvolvedores precisam repensar, com bastante urgência, suas prioridades: será que é possível mover montanhas dentro do universo blockchain sem garantir a segurança dos dados de seus usuários? A resposta é simples: não.

Conclusão

Inovações são imprescindíveis para que a economia descentralizada cresça cada vez mais ao longo dos anos; contudo, negligenciar questões básicas, como a segurança na rede, não faz parte do trabalho que deveria ser desenvolvido por soluções de código aberto.

Muitos usuários trabalham em tentar manter o “hype” destes projetos, ainda que problemas técnicos gravíssimos se mostrem presentes e, infelizmente, frequentes; seja por medo de perder o pouco que ainda possuem, seja porque acreditam que, algum dia, a situação ficará melhor.

Objetividade é necessária ao escolher investimentos: se não há segurança, não faz sentido injetar capital – pelo menos no momento. No entanto, se os desenvolvedores forem capazes de provar que aprenderam com os erros passados, não há problema algum em repensar sobre o caso.

Por fim: cuidado.

O autor: Rafael Motta

Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.