Queda do Bitcoin para US$ 104 mil é vista como ajuste saudável, não falha do ciclo

Glassnode aponta que correção recente eliminou alavancagem excessiva e marca fase de “proteção de capital”, enquanto investidores aguardam estabilização do mercado

O Bitcoin recuou para US$ 104 mil na semana passada, encerrando uma sequência de quatro dias de forte correção que afetou todo o mercado cripto. Apesar da queda, analistas da Glassnode classificam o movimento como um “flush”, uma limpeza necessária que reduziu o excesso de alavancagem e trouxe equilíbrio após meses de otimismo.

De acordo com dados da TradingView, o BTC caiu de US$ 115 mil em 14 de outubro para US$ 104 mil no dia 18, menor valor desde junho. O declínio ocorreu em meio a liquidações que ultrapassaram US$ 320 milhões, levando investidores a adotar uma postura mais defensiva. “Os traders estão priorizando a preservação de capital em vez de apostas direcionais”, disse a Glassnode em relatório.

A empresa observa que a oferta de curto prazo, associada a investidores mais especulativos, vem crescendo, enquanto o interesse aberto nos mercados futuros caiu cerca de 30%, o que reduz o risco de novas ondas de liquidações. Ainda assim, o mercado segue pressionado por saídas líquidas de fundos e ETFs de Bitcoin, que registraram quatro dias consecutivos de resgates, totalizando US$ 40 milhões.

Parte da volatilidade também foi intensificada por fatores externos, como as tensões comerciais entre Estados Unidos e China e uma falha na Amazon Web Services (AWS), que afetou o funcionamento de corretoras como a Coinbase e desencadeou ordens automáticas de venda.

Segundo o CEO da Jan3, Samson Mow, a faixa entre US$ 100 mil e US$ 200 mil representa um “teste de convicção” para os investidores. Ele argumenta que o ciclo atual não segue o mesmo padrão dos anteriores, mas mantém fundamentos sólidos. “O Bitcoin ainda adicionará um zero; o ciclo está longe de acabar”, afirmou.

Enquanto isso, dados on-chain indicam que investidores de longo prazo continuam vendendo parte de suas posições a fundos institucionais e tesourarias corporativas. Para o analista Chris Beamish, da Glassnode, essa transferência é natural, mas limita o potencial de alta de curto prazo até que esse grupo reduza a pressão vendedora.

Nesta terça-feira, 21 de outubro, o Bitcoin voltou a cair 3%, negociado em torno de US$ 108 mil. O valor acompanha a retração de mais de 2% do valor total do mercado cripto, que agora soma US$ 3,67 trilhões.

Apesar do cenário de cautela, especialistas consideram que o movimento recente reforça a saúde estrutural do ciclo: uma correção que remove excessos e prepara terreno para uma nova fase de consolidação e, possivelmente, de retomada futura.

O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.