Queda no hashrate do Bitcoin acende alerta entre mineradores
A atenção do mercado se voltou ao recente recuo no poder de processamento do Bitcoin. Analistas observaram uma queda de cerca de 4% no hashrate até 15 de dezembro, movimento que, em ciclos anteriores, precedeu fases de recuperação nos preços. Assim, investidores passaram a monitorar com mais cuidado os dados de mineração.
Segundo analistas da VanEck, períodos de redução no hashrate geraram retornos positivos em 65% dos 90 dias subsequentes. No entanto, quando o hashrate aumentou, essa taxa de sucesso caiu para 54%. Esses números mostram que oscilações no ritmo de mineração podem sinalizar mudanças futuras na dinâmica do mercado.
Efeito das oscilações do hashrate no comportamento do mercado
A análise de janelas mais longas reforça esse comportamento. Dados da VanEck apontam que quedas persistentes no hashrate resultaram em retornos positivos em 77% dos períodos de 180 dias. Além disso, os ganhos médios nesse intervalo foram considerados expressivos, indicando que a retração prolongada no poder computacional costuma anteceder fases de recuperação.

A economia da mineração também influencia essas dinâmicas. Segundo a VanEck, o custo de eletricidade para operar um minerador Bitmain S19 XP de 2022 caiu aproximadamente 36% em um ano. Em dezembro, o preço passou de US$ 0,12 por kWh para US$ 0,077, o que pressiona margens e força operadores menos eficientes a revisar operações.
Assim, muitos mineradores avaliam a troca de equipamentos ou, em alguns casos, consideram encerrar atividades temporariamente. A competitividade crescente exige estruturas mais eficientes, principalmente em regiões com custos energéticos elevados.
Redistribuição global da capacidade de mineração
Relatórios recentes indicam que parte significativa da capacidade global deixou a rede. A VanEck relaciona o declínio de 4% no hashrate à interrupção de cerca de 1,3 gigawatts de energia de mineração na China. Além disso, analistas alertam que a crescente demanda por infraestrutura de IA pode competir com recursos usados atualmente para mineração, retirando até 10% da capacidade da rede.
No entanto, vários países continuam fortalecendo o setor. Pelo menos 13 nações apoiam ou incentivam a atividade, incluindo Rússia, Japão, França, El Salvador, Butão, Irã, Emirados Árabes Unidos, Omã, Etiópia, Argentina e Quênia. Portanto, a redistribuição global pode redefinir o mapa da mineração e criar novos polos competitivos.
Essa descentralização tende a beneficiar regiões com energia abundante e infraestrutura robusta, fatores essenciais para garantir a lucratividade do setor no longo prazo.
Movimentos de preço e cenário macroeconômico
O Bitcoin é negociado próximo de US$ 88.600, queda próxima de 30% em relação ao recorde de US$ 126.080 registrado em 6 de outubro. Além disso, o fim do ano reduz a liquidez, o que pode atrasar movimentos mais consistentes de mercado. Assim, analistas sugerem cautela ao interpretar oscilações de curto prazo.

No ambiente macroeconômico, o ouro ultrapassou US$ 4.400 por onça, enquanto a prata chegou a US$ 69,44. Esses avanços mostram, portanto, um movimento mais amplo de busca por ativos de proteção.
Os dados sugerem um cenário de reorganização do mercado. A saída de mineradores menos eficientes, somada ao ajuste de dificuldade e à retração do hashrate, reduz pressões imediatas de venda. Assim, o ambiente atual pode servir como base para fases de estabilização e possível recuperação nos próximos meses.