Relatório aponta lavagem de dinheiro com criptomoeda por criminosos na América Latina
A região possui alguns dos hackers e grupos de crime organizado mais sofisticados do mundo
O relatório, intitulado “O lado sombrio da América Latina: criptomoeda, cartéis, cartões e a ascensão do cibercrime”, traz em suas 11 páginas a fragilidade da política de segurança pública dos países da América Latina no combate ao crime cibernético. A criptomoeda é muito usada por criminosos para lavagem de dinheiro na região. O documento foi elaborado pela IntSights,
“A América Latina possui alguns dos hackers e grupos de crime organizado mais sofisticados do mundo. E as equipes de segurança corporativa na região geralmente ignoram isso”.
Lado Negro da América Latina
Em 2019, a equipe de pesquisa da IntSights começou a investigar campanhas persistentes de phishing lançadas contra clientes nos setores de varejo e serviços financeiros na Colômbia e no Brasil. Os resultados foram surpreendentes.
Cibercriminosos operaram em esquemas que visavam bancos, serviços de hospitalidade e empresas de varejo por suas credenciais e ativos financeiros. Segundo o relatório, não foi difícil determinar de onde vinham as ameaças. Os criminosos passavam mais tempo mudando sua infraestrutura e tática do que escondendo suas identidades.
Em um caso, a equipe de pesquisa do IntSights conseguiu identificar a localização de um agente de ameaças, seus perfis de mídia social, vários nomes de avatar e métodos de phishing. A ocorrência foi na Colômbia.
Lavagem de dinheiro
O estudo constatou que os países latino-americanos estão no topo da lista dos piores do mundo em lavagem de dinheiro, referindo-se a um novo método operacional usado por criminosos – criptomoedas:
O financiamento de ameaças está evoluindo na América Latina, à medida que os grupos do crime organizado recorrem à criptomoeda para lavar grandes quantias de dinheiro e mergulhar na dark web para encontrar hackers para contratar”.
Colômbia e Brasil lideram o rank de transações financeiras ilícitas. Seriam grupos do crime organizado e cartéis de drogas, utilizando os avanços tecnológicos nos bancos digitais e nas transferências de dinheiro.
Em abril de 2019, agentes do Departamento de Investigação de Narcóticos do Brasil (DENARC) apreenderam um criminoso que dirigia uma operação de mineração de criptografia em Porto Alegre. Os agentes apreenderam 25 máquinas de mineração de criptomoeda, que operavam 24 horas por dia e cada uma custando aproximadamente US $ 65.000.
Fóruns clandestinos
A CipherTrace, a primeira equipe forense de blockchain do mundo, compartilha suas ideias. Segundo eles, os criminosos na América Latina se comunicam em plataformas de código aberto. Muitas vezes, não escondem suas verdadeiras identidades. Só o fazem se estiverem ligados a cartéis ou gangues.
A falta de aplicação da lei permite que criminosos usem ferramentas de código aberto para se comunicar livremente. WhatsApp, Facebook Messenger e Telegram são os métodos mais populares que para os cibercriminosos usam para conversarem entre si.
No passado, esclarecem no relatório, o ICQ era a ferramenta de comunicação mais popular. Nos últimos anos, o WhatsApp ganhou popularidade como uma plataforma de mensageiro gratuito que permite bate-papos em grupo, vídeo e muito mais.
“Embora haja uma série de trocas de criptomoedas disponíveis para atender os clientes da América Latina, as plataformas P2P são normalmente o método preferido da moeda Fiat para as trocas de criptomoedas em toda a região. Ao longo de 2019 e até 2020, uma conhecida plataforma do mercado registrou um crescimento recorde no volume de transações em muitos países da América Latina.”
Fonte: IntSights
- Ouça nosso podcast: Webitcast #16 – Declarando criptomoedas no Imposto de Renda
Jornalista com especialização em História do Brasil pela UFF, trabalhou em diversos veículos de comunicação como O Globo, Jornal do Commercio, revista PC Mundo e Rádio Tupi.