Rocelo Lopes sobre regulamentação de criptomoedas: “Então f***-se se eu morrer?”

CEO da Stratum aborda importantes pontos sobre as criptomoedas

Durante o evento “Crypto Never Stops”, realizado pela Cointrade nesta quinta-feira, Rocelo Lopes falou sobre diferentes pontos relacionados às criptomoedas e à tecnologia blockchain.

Dois tópicos saltam aos olhos, pois estão sendo constantemente citados por grandes figuras: regulamentação e função social.

“Eu não falo nem para a minha mulher quantos Bitcoins eu tenho!”

Falando sobre regulamentação de criptomoedas, o CEO da Stratum Blockchain Tech falou sobre como ela se importa apenas com a lavagem de dinheiro, e não com os indivíduos que são encarregados de administrarem seus próprios fundos. Citando uma conversa que teve com o órgão regulador do Chile, ele exemplifica:

“Bom, eu informo quanto eu tenho para vocês [reguladores] e o funcionário da receita federal vende meus dados. Agora uma célula terrorista do Paquistão sabe que eu tenho 1000 Bitcoins na minha carteira. Se eles aparecem na minha casa e explodem uma bomba, cadê a regulamentação para me proteger? Então f***-se se eu morrer?”

Em um tom divertido, ele completa:

“Eu não falo para a minha mulher quantos Bitcoins eu tenho, e ela faz sexo comigo! Você [regulador] não faz sexo comigo, então é um motivo a menos para eu te falar quanto eu tenho na minha carteira!”

Apesar dos exemplos gráficos, o discurso de Rocelo se dá no sentido do duplo peso sobre o usuário de criptomoedas: o encargo de já ter que lidar sozinho com seu patrimônio, além de não ter respaldo do estado nas áreas que interessam. Nesse sentido, ele defende que a regulamentação deve se dar para corporações, para que elas não peguem criptomoedas de investidores e sumam, prezando-se pela privacidade e segurança do usuário individual – que não deve ser obrigado a informar seus dados.

“Pra mim, pouco importa a identidade do email cadastrado na minha empresa. O usuário tem que ter acesso às criptomoedas, eu não preciso saber o nome dele – só preciso saber quanto aquele email transacionou. Os dados pessoais não me interessam.”

O ponto de vista de Rocelo é importante, principalmente mediante os discursos recentes de órgãos como o G20 sobre a regulamentação das criptomoedas. É importante entender, minuciosamente, como a ação das entidades reguladoras podem afetar os usuários individuais.

A visão de Rocelo faz bastante sentido, uma vez que o usuário fica completamente vulnerável ao ceder seus dados, não havendo regulamentação que o respalde em contrapartida. Ou seja, os órgãos reguladores se preocupam apenas com suas “fatias do bolo”, sem ter uma real preocupação com os detentores de criptomoedas. O zelo que se apresenta não é para trazer uma clareza ao mercado (ao contrário do que se afirma), mas sim uma oportunidade de tirar vantagem do surgimento de uma nova classe de ativo – embora aqueles entusiastas da cripto saibam que o movimento vai muito além disso.

Utilidade e função social

Vitalik Buterin, co-fundador do Ethereum, disse em uma recente entrevista que a adoção será responsável pela próxima ascensão nos valores das criptomoedas.

Esta afirmação coincide com outro ponto abordado por Rocelo, sendo este a utilidade das criptomoedas no dia a dia, como uma ferramenta para facilitar os processos financeiros. Ele começa mencionando sobre como o atual sistema monetário apresenta grandes entraves para investidores de pequeno porte:

“No sistema atual, eu não tenho como investir menos de um centavo, pois não há uma medida menor. Já com as criptomoedas, eu consigo milhões de frações de centavo. E no sistema atual, pra que eu vou investir um centavo, se o banco me cobra 50 dólares para completar uma transação? As criptomoedas possibilitam que eu invista em uma empresa de Singapura, caso eu ache interessante, sem ter que pagar quantias absurdas por isso.”

Além disso, Rocelo menciona ainda outra faceta na qual as criptos facilitam ainda mais a vida dos usuários:

“Eu ajudei uma senhora a comprar uma amostra de botões, que custava pouco mais de 20 dólares. O banco queria cobrar 50 dólares para efetuar a transação. Por meio do Bitcoin, ela conseguiu pagar o fornecedor sem precisar pagar as taxas absurdas cobradas pelo banco.”

É notório que um dos grandes diferenciais das criptomoedas são as taxas transacionais bem menores, comparadas as taxas praticadas pelos bancos – além dos reduzidos prazos para processamento. No exemplo acima, Rocelo mostra como essa diferença impacta de forma significativa a vida de uma pessoa.

São pontos de vistas pertinentes, de uma figura consolidada no mercado. É sempre bom entender como, materialmente, as decisões e movimentações afetam nós, os usuários finais.

A conferência está disponível, na íntegra, no canal da Cointrade no YouTube.