Se o Facebook pode valer bilhões, por que não as criptos?

Tem sido um duro mês para Mark Zuckerberg.

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Após o fiasco com a Cambridge Analytica, no qual foi descoberto que uma empresa fornecedora de dados estava minerando informações para grupos políticos, o Facebook e seu fundador enfrentaram uma chuva de criticismo, questionando o papel da companhia como detentora suprema da custódia de dados do mundo desenvolvido.

Contudo, para a comunidade cripto, a consequente queda no valor das ações do Facebook oferece um exemplo instrutivo para uma indagação fundamental: e quanto ao mercado das criptomoedas, que possui mais de 20 blockchains avaliados em mais de US$1 bilhão cada? Por que esta área é considerada “superaquecida” ou uma “bolha”?

Para responder a estas perguntas, é importante realizarmos uma outra indagação: como exatamente é possível que o Facebook, que coleta dados de identificação de seus usuários e os conecta através de mensagens, pode ser avaliado em um valor tão alto?

De fato, não é provável que a maioria dos usuários acredite quando ouvem que o Facebook vale quase US$500 bilhões, ou que o WeChat, um aplicativo que oferece praticamente o mesmo serviço para o público chinês, esteja avaliado praticamente no mesmo valor – até mesmo o Snap, um peixe pequeno comparado às outras duas empresas citadas, está avaliado em US$20 bilhões, uma quantia que se agiganta perante as capitalizações de muitas criptomoedas.

A analogia oferece uma resposta às críticas de que o bitcoin e outros blockchains não podem sustentar ou justificar seus atuais valores, ou são incapazes de atingir capitalizações de mercado que excedam o que já observamos hoje.

Uma pergunta útil neste ponto: se todas as redes sociais são criadas de forma semelhante, utilizando basicamente a mesma combinação de tecnologias, como elas produzem tanto valor?

Afinal de contas, segundo os críticos das criptos, não há razão para existirem tantas moedas quando todas elas usam os mesmos blocos básicos de construção. No mercado, contudo, nós temos um exemplo de resultado quase completamente contrário.

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Diferenças na tecnologia

O que mais impressiona nos “haters” é que, se eles observassem atentamente seus telefones, descobririam uma gama absurda de aplicativos – SMS, Telegram, Signal, Slack, Skype, Whatsapp, etc – sendo que todos, no fim das contas, oferecem as mesmas experiências de comunicação, com apenas algumas pequenas diferenças.

Colocando de forma simples, parece que há um grande mercado de “ferramentas”, ou pequenas variações de ferramentas populares, pelo menos quando o produto primário se trata de uma forma de expressão.

Todas essas redes sociais possuem valores diferentes por duas razões – as maquiagens únicas e diferentes apresentadas aos seus usuários, e a variedade de formas específicas que elas oferecem para que seus usuários possam se comunicar ao redor do mundo.

Você pode usar o Snapchat se quiser mandar uma foto, o WeChat se você quiser falar com alguém na Ásia, ou o Signal se você deseja uma experiência realmente segura e encriptada.

Nesse caso, você pode imaginar a base de usuários finais como uma forma de liquidez, e as ferramentas como regras pelas quais essas interações são governadas. Algumas, como o Twitter, podem produzir relações mais casuais, enquanto outras, como o Facebook, podem desenvolver laços mais duradouros.

Mesmo assim, cada rede libera valor ao oferecer acesso a um tipo de contato único. A mensagem é a mesma em todos eles, a mesma mescla de letras, emojis e imagens.

O que é diferente é a rede, como ela é avaliada pelos usuários, e como eles a utilizam.

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Um argumento para muitas criptos

Parece, então, que um argumento semelhante pode ser aplicado à propriedade de dinheiro e ativos, esfera onde novos protocolos fornecem novas formas de expressão – blockchains e criptomoedas.

É útil pensar no ambiente diferente que os protocolos de mensagem oferecem hoje, comparados à TELERJ, ou outra companhia telefônica há muito tempo esquecida.

Meu palpite é que, caso você analise os dados dessas companhias telefônicas antigas, você vai descobrir que a capitalização de mercado de todas essas companhias telefônicas antigas não se assemelham completamente com as companhias de comunicação atuais.

Isto porque os protocolos de internet não mudaram simplesmente o valor criado pela comunicação, eles liberaram muito mais, chegando-se a um ponto nunca imaginado antes. Armados com a habilidade de se comunicarem com pequenas interações (alguém aí curte uma cutucada no Facebook?), usuários parecem querem exercitar esse poder, criando novas fontes de valor.

Aplicando-se todo o exposto aos blockchains, por que variações semelhantes não criam semelhantes montantes massivos de valor?

Eu diria que a ICO do Telegram começou a fazer mais de sentido…

Fonte: CoinDesk

Edição: WeBitcoin