SEC interrompe oferta de token de US$ 1,7 bilhão do Telegram
Empresa teria violado as leis de valores mobiliários
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos – SEC, na sigla em inglês – entrou com uma ação de emergência e obteve uma ordem de restrição temporária contra o Telegram e sua subsidiária, TON Issuer Inc., interrompendo uma oferta de token que levantou mais de US$ 1,7 bilhão em todo o mundo, desde janeiro de 2018.
O Telegram, uma plataforma de mensagens instantâneas sediada no Reino Unido, procurou financiar a criação da blockchain Telegram Open Network (TON) vendendo tokens digitais chamados Grams. A SEC diz que isso representa a venda de um valor mobiliário não registrado.
Ao apresentar a ação de emergência, Steven Peikin, codiretor da Divisão de Execução da SEC, sugeriu que outros tokens poderiam receber o mesmo tratamento.
“Declaramos repetidas vezes que os emissores não podem evitar as leis federais de valores mobiliários apenas rotulando seu produto como criptomoeda ou token digital. O Telegram busca obter os benefícios de uma oferta pública sem cumprir os compromissos de divulgação de informações, criados para proteger o público investidor”, diz Peikin.
Enquanto os reguladores estavam ocupados concentrando-se na Libra, parecia que a TON poderia deixar de ser notada, apesar do histórico do Telegram de irritar governos que não gostam do fato de sua criptografia de ponta a ponta ser, supostamente, usada por terroristas. Mas o projeto teria sido grande por si só: a rede de prova de participação proposta pelo Telegram permitiria que seus mais de 300 milhões de usuários fizessem pagamentos em blockchain na plataforma de mensagens.
Embora as preocupações da SEC sejam com valores mobiliários e não com terrorismo, é fácil imaginar o pesadelo regulatório que a TON levantou para os governos: agora, terroristas que estavam (supostamente) mandando mensagens secretas também podem enviar pagamentos.
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A ação da SEC oferece ao projeto um futuro incerto. Segundo reportagem do The New York Times, o grupo prometeu aos investidores lançar a oferta de token em 31 de outubro. Caso não pudesse entregar os ativos até essa data, se comprometeria a devolver o valor levantado, de US$ 1,7 bilhão.
Parece que o Telegram pode estar perdendo esse capital, de uma maneira ou de outra.
* Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Fonte: Decrypt
Jornalista, revisora e roteirista, apaixonada por tecnologia e especializada em conteúdo.