Suposto cartaz do Sicredi emerge com “verdades” sobre criptomoedas
Cartaz do qual Sicredi é supostamente autor cita comunicado do Banco Central referente a criptomoedas
Hoje, 26 de outubro, foi veiculado em grupos de Whatsapp um suposto cartaz do Sicredi (Sistema de Crédito Cooperativo), mencionando um comunicado do Banco Central do Brasil que diz respeito a criptomoedas.
Tal comunicado é o número 31379, de 16 de novembro de 2017, através do qual o BCB alerta sobre “os riscos decorrentes de operações de guarda e negociação das denominadas moedas virtuais”. O comunicado se deu durante a febre das criptomoedas no ano passado, período no qual a falta de informação dos investidores preocupava.
Segue abaixo o suposto cartaz que, apesar da veracidade não confirmada, de qualquer forma se ampara sobre um comunicado oficial do BCB:
O Webitcoin entrou em contato com a Sicredi, tendo a instituição financeira negado a veiculação de qualquer informação referente a criptomoedas. Contudo, como se tratam de informações que realmente foram publicadas pelo Banco Central, ainda que com outras palavras, vemos-nos em posição de esclarecer tópico a tópico.
Esclarecemos que não estamos atacando a instituição, reiterando que a veracidade do cartaz não foi confirmada. Este é apenas um exercício para esclarecer tais tópicos, casos sejam levantados perante nossos leitores.
“As moedas virtuais não são emitidas e nem garantidas por qualquer autoridade monetária”: regra geral, sim, as criptomoedas seguem um conceito descentralizado, por meio do qual a emissão das moedas não está a cargo de qualquer autoridade monetária.
Esse é, inclusive, o principal fundamento do Bitcoin: devolver às pessoas a posse total sobre seu dinheiro, sem intermediários. As exceções são os planos de emissão de criptos por governos, como a venezuelana Petro. Inclusive, foi veiculado ontem aqui no Webitcoin um artigo sobre a Casa da Moeda Real Britânica ter interesse em emitir sua própria criptomoeda.
“As empresas que emitem bitcoins não são reguladas ou fiscalizadas pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários”: essa afirmação é errônea, mas não na parte que toca na ausência de regulamentação.
O Bitcoin não é emitido por uma empresa, ele é minerado por pessoas. Algumas criptomoedas possuem, de fato, a emissão centralizada (como se discute em relação à XRP), mas não é o caso do Bitcoin.
“Existe a possibilidade de perda de todo o capital”: bom, não é esse o cerne de todo investimento? Não há muito o que discorrer sobre esse ponto, ele é elementar ao mundo das finanças.
“O preço do Bitcoin pode variar muito, subir 10% em um dia e cair 15% em outro”: mais uma vez, não seria todo ativo suscetível a tais movimentações? Ademais, os valores usados na exemplificação da movimentação são hipérboles. O Bitcoin, atualmente, está menos volátil do que as ações da Amazon. Nesse ponto, esta é uma informação contida apenas no suposto cartaz, ela não é tratada pelo comunicado do Banco Central.
“Há a possibilidade de roubo e ataque de hackers”: realmente, sempre há esta possibilidade em qualquer arquivo no meio digital, mas ela se baseia sempre no erro humano. A tecnologia blockchain, na qual os ativos digitais se debruçam, é totalmente a prova de fraudes – ela é inviolável. É muito importante frisar que, por serem descentralizadas, as criptomoedas não apresentam um ponto único de falha, sendo muito mais difícil burlar sua segurança.
Portanto, a falta de informação, que acarreta no uso inefetivo e equivocado das criptomoedas, é a ponte para os mencionados ataques.
A informação final sobre as corretores, bem… Realmente, é importante saber se ela está envolvida em um sistema de pirâmide.
É importante frisar que o Banco Central, no próprio comunicado acima referido, dispõe sobre as criptomoedas:
“No Brasil, por enquanto, não se observam riscos relevantes para o Sistema Financeiro Nacional. Contudo, o Banco Central do Brasil permanece atento à evolução do uso das moedas virtuais, bem como acompanha as discussões nos foros internacionais sobre a matéria para fins de adoção de eventuais medidas, se for o caso, observadas as atribuições dos órgãos e das entidades competentes.”
Desta forma, nota-se que as criptomoedas ainda estão em uma “área cinza”: não são regulamentadas, tampouco ilegais.
Ademais, vale lembrar que a Comissão de Valores Mobiliários autorizou investimentos indiretos em criptomoedas. Por indiretos, entende-se que são os investimentos feitos por meio de instituições regulamentadas em outras jurisdições.
Sendo verídico ou não, este cartaz é algo previsível. Seja lá quem for o seu autor, é normal que o trono seja defendido contra novos desafiantes.
No dia 31 deste mês, o Bitcoin completa 10 anos. Há quase 10 anos, Satoshi Nakamoto escreveu um white paper que é mais do que uma série de diretrizes, mas uma constituição. Que nos lembremos sempre do que o Bitcoin representa, e que combatamos sempre o medo com conhecimento.
Este artigo faz parte de uma coletânea que está sendo lançada este mês, em comemoração aos 10 anos do Bitcoin.