Teto de preço do Bitcoin se estreita com vendas no prejuízo
O teto de preço do Bitcoin voltou a se estreitar nos últimos dias, pressionado por um aumento consistente de vendas realizadas por investidores que ainda operam no prejuízo. Uma breve tentativa de recuperação foi rapidamente anulada por liquidações no mercado à vista, enquanto dados on-chain reforçam a presença de limites relevantes de oferta e a ausência de demanda sustentada.
De acordo com uma análise recente, o potencial de alta do Bitcoin segue contido por uma densa parede de oferta formada por detentores que aguardam níveis mais elevados para reduzir perdas. Esse cenário tem imposto um ritmo mais cauteloso ao mercado às vésperas das festas de fim de ano, período tradicionalmente marcado por menor liquidez e maior sensibilidade a movimentos bruscos de preço.
Mercado entra no fim de ano com baixa liquidez
No curto prazo, a fragilidade estrutural do mercado também fica evidente na dinâmica entre mercado à vista e derivativos. A falta de fluxo comprador consistente no spot, combinada a um posicionamento defensivo em contratos futuros e perpétuos, sugere um ambiente ainda vulnerável, especialmente com a proximidade do feriado de Natal.
Na quarta-feira, o Bitcoin iniciou o dia negociado próximo de US$ 86.300, avançou ao longo da tarde até US$ 90.200. Entretanto devolveu rapidamente os ganhos, recuando para a região de US$ 85.000. Já na tarde desta quinta-feira (18), o ativo voltou a ensaiar uma recuperação. Sendo negociado em torno de US$ 86.000, após dados dos Estados Unidos indicarem uma desaceleração da inflação acima do esperado.
Apesar desse alívio pontual, a perspectiva para o preço futuro do Bitcoin permanece incerta. A chegada do período de feriados tende a reduzir ainda mais a liquidez do mercado. Fator que historicamente amplifica a volatilidade e intensifica movimentos abruptos, tanto de alta quanto de baixa.
Derivativos impulsionam alta, mercado à vista freia movimento
Dados da Velo mostram que o pico de pressão compradora observado na quarta-feira teve origem majoritária no mercado de derivativos. Houve aumento do interesse aberto e um delta positivo no volume cumulativo de contratos perpétuos. Indicando que a demanda veio principalmente de traders alavancados, e não de compradores orgânicos do mercado à vista.
Essa assimetria ficou evidente horas depois. A correção registrada no mesmo dia foi impulsionada sobretudo por vendas à vista, refletidas no recuo do delta do volume cumulativo spot. Em outras palavras, enquanto traders de derivativos sustentaram a alta inicial, vendedores no mercado à vista foram responsáveis por interromper o movimento e devolver o preço a patamares inferiores.
Parede de oferta limita avanço do Bitcoin
Segundo um relatório da Glassnode, a rejeição observada reflete a existência de uma oferta acumulada densa entre US$ 93.000 e US$ 120.000. O estudo destaca que qualquer tentativa de avanço mais consistente tende a permanecer limitada. Enquanto o Bitcoin não recuperar o quantil 0,75, situado em torno de US$ 95.000, nem o nível de equilíbrio dos detentores de curto prazo, estimado em US$ 101.500.
Até o momento, a chamada verdadeira média de mercado, localizada em aproximadamente US$ 81.500, que representa o custo médio de aquisição dos bitcoins mantidos por investidores ativos. Que tem funcionado como uma zona de absorção da pressão vendedora. Esse suporte tem evitado uma correção mais profunda, embora permaneça a dúvida sobre por quanto tempo conseguirá sustentar o preço.
Analistas veem rali limitado no curto prazo
Para Ryan Yoon, analista sênior da Tiger Research, com sede em Seul, o cenário atual reduz a probabilidade de um movimento explosivo no curto prazo. Segundo ele, é improvável que o Bitcoin registre um rali expressivo antes do fim de 2025, dado o sentimento ainda pessimista predominante no mercado.
No entanto, Yoon ressalta que dados macroeconômicos favoráveis podem alterar temporariamente essa dinâmica. Caso os próximos números do CPI indiquem uma redução mais consistente das pressões inflacionárias. De certo, o mercado pode reagir com um rali de alívio de curto prazo, impulsionado pela expectativa de condições monetárias menos restritivas.