Tim Draper reconsidera investimentos na Índia
Decisão do bilionário é resposta à nova Lei de Emenda à Cidadania, que exclui muçulmanos
O capitalista de risco Tim Draper, um dos principais investidores no projeto Tezos, está repensando seus investimentos na Índia. A decisão foi tomada após o Parlamento do país asiático aprovar, em 11 de dezembro de 2019, a nova Lei de Emenda à Cidadania, que facilita a obtenção de nacionalidade hindu para a maioria das minorias e dos grupos religiosos perseguidos, mas exclui muçulmanos. A aprovação da lei gerou protestos violentos em todo o país, com várias mortes registradas.
Draper, que durante anos tem alternado entre empolgação e desinteresse ao investir na Índia, voltou a entrar no mercado de capital de risco do país em 2017, por meio de uma parceria com a Blume Ventures, elogiando os esforços do primeiro-ministro Narendra Modi para tirar de circulação notas de alto valor. A Blume Ventures investiu em empresas de blockchain na Índia, como o processador de pagamentos Bitcoin baseado na cidade de Bangalore, o Unocoin.
Embora tenha declarado em entrevistas que esperava que Bitcoin, blockchain e contratos inteligentes desempenhassem um papel cada vez mais importante na Índia, Draper disse que a nova lei poderia impedir mais investimentos no país.
“A escolha de uma religião em detrimento de outra me deixa seriamente preocupado com meus planos de financiar negócios lá”, afirmou ele em seu perfil no Twitter.
Em entrevista ao site de notícias indiano The Wire, Draper disse que a Índia deve mostrar justiça, caso queira atrair capitalistas de risco.
“A liberdade é uma coisa importante para mim. Mais regras e restrições criam mais corrupção. Sempre que um grupo de pessoas recebe tratamento melhor que outro, os regulamentos são compostos de injustiça. A injustiça permeia uma sociedade como um câncer. Não quero investir para apoiar o mau comportamento”, explicou ele.
Draper também contou ao The Wire que considera de suma importância a abordagem que um governo dá para as criptomoedas.
“Os governos que mexem com os avanços da moeda, como o Bitcoin, correm o risco de ficar para trás. Imagine o que teria acontecido com países que não permitissem a internet. O Bitcoin promete ser dez vezes maior que a internet. A Índia não quer ser deixada para trás mais uma vez”, disse ele.
A empresa de capital de risco de Draper, Draper Fisher Jurvetson, entrou na Índia em 2007, mas foi fechada em 2013 depois que vários empreendedores indianos em que havia investido fugiram de empreendimentos fracassados ou não divulgaram certas informações.
* Imagem de JD Lasica no Flickr
Fonte: Decrypt
Jornalista, revisora e roteirista, apaixonada por tecnologia e especializada em conteúdo.