Venezuela fecha exchanges e fazendas de mineração de criptomoedas
As medidas ocorrem no meio de uma investigação anti-corrupção que resultou em uma prisão, renúncia e escândalo nacional na Venezuela.
A Venezuela, antes considerada um paraíso das criptomoedas, agora está enfrentando o caos em seu ecossistema nacional de criptomoedas. Eventos recentes resultaram no fechamento de todas as exchanges de criptomoedas registradas na Venezuela, com o regulador de criptomoedas do país, Sunacrip, alegadamente por trás da medida. Essa ação faz parte de uma investigação anticorrupção que já resultou na prisão de Joselit Ramirez, Superintendente de Criptoativos da Venezuela, e na renúncia de Tareck el Aissami, Ministro de Energia e Petróleo.
O fechamento de grandes fazendas de mineração de criptomoedas operando em vários estados da Venezuela também foi ordenado pela Sunacrip. A grande maioria dessas fazendas estava operacional e havia cumprido todas as permissões necessárias, de acordo com a Associação Nacional de Criptomoedas (Asonacrip). A associação pediu uma revisão dessas ações, pois acredita que a situação na Sunacrip não deve afetar as operações de todas as fazendas afiliadas em nível regional.
A recente repressão representa uma significativa mudança em relação aos anos anteriores, quando o presidente Maduro defendia a promoção de criptomoedas como ferramentas para reativar a economia da Venezuela. O governo legalizou criptomoedas, criou sua própria criptomoeda oficial (O Petro), estabeleceu um quadro regulatório para mineração, institucionalizou o registro de exchanges de criptomoedas e iniciou esforços para reduzir a perseguição a traders e mineradores que eram vistos como operadores no mercado paralelo de moedas.
Contudo, a centralização do poder na Sunacrip abriu portas para novas formas de corrupção. Atualmente, a Sunacrip está sendo investigada por sua participação em desvio de fundos de vendas de petróleo não declaradas. Já há relatos de irregularidades circulando nas redes sociais, como altos executivos do governo que possuem fazendas de mineração de criptomoedas, tráfico de influência, detenções arbitrárias e confisco de equipamentos.
Apesar das garantias da advogada venezuelana Ana Ojeda Caracas de que a medida é temporária, o silêncio da Sunacrip só serve para aumentar a incerteza na cena de criptomoedas venezuelana. A Associação Nacional de Criptomoedas abriu uma pesquisa pública para entusiastas de criptomoedas na Venezuela fornecerem contribuições sobre as recomendações que serão entregues ao conselho de intervenção da Sunacrip. A Asonacrip acredita que empresas privadas não devem ser culpadas pelo que está acontecendo dentro do órgão regulador e que devem promover a plena ativação de todas as operações de criptomoedas no país.
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