XP e Itaú travam disputa de investimentos
Mesmo possuindo quase metade das ações da XP, Itaú entrou em rota de colisão com a corretora
A corretora brasileira XP Inc XP.O e seu principal acionista, o Itaú Unibanco Holding SA ITUB4.SA, participaram de uma discussão pública sobre investimentos nesta semana, trocando acusações em uma campanha publicitária e webcasts na quinta-feira. O Itaú divulgou anúncios de TV apontando conflitos de interesse de consultores de investimentos independentes, que são a maior parte da força de trabalho na XP.
No anúncio, o Itaú diz que a maioria dos consultores independentes recebe incentivos para vender fundos específicos, geralmente recebendo parte da taxa cobrada pelo gerente de produto. Embora o Itaú seja acionista da XP, com uma participação de 49% na corretora, ambas as instituições competem por investidores.
Em um webcast na quinta-feira para responder aos anúncios, o parceiro da XP Gabriel Leal disse que eles eram direcionados à corretora. Ele atacou a divisão de investimentos do Itaú, dizendo que não é sustentável a longo prazo e que os clientes do Itaú transferem 150 milhões de reais (US$ 28 milhões) todos os dias de suas contas para a XP, buscando melhores retornos.
Leal também disse que o banco poderia vender sua participação: “Se o Itaú pensa que sua participação na XP não faz sentido, eles devem repensar”, acrescentou. “O Itaú quer um país à moda antiga, com altas taxas de juros e sem concorrência”, afirmou Leal.
A XP também ofereceu, em uma publicação na conta da corretora no Instagram, prêmios aos clientes do Itaú que transferem dinheiro para a XP. Os clientes ganhavam coletes de inverno com o logotipo XP.
A divisão de gerenciamento de patrimônio do Itaú também organizou um webcast na quinta-feira para discutir conflitos de interesse. Carlos Constantini, chefe da divisão, disse que os anúncios “não tinham como alvo nenhum concorrente específico”. Ele disse que os clientes precisam entender os diferentes incentivos, dependendo do modelo de investimento.
Questionada sobre sua participação com a XP, Constantini disse que o relacionamento com os acionistas não interfere no funcionamento da plataforma de investimentos do Itaú.
Outros corretores e bancos brasileiros também operam com consultores de investimentos independentes.
Fonte: Nasdaq
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