O Bitcoin é imune à crise do Coronavírus?
Visto por muitos como um porto seguro em momentos de crise, o Bitcoin pode ser considerado imune às flutuações causadas pelo Coronavírus?
Logo quando surgiu, no fim de dezembro de 2019, o Coronavírus gerou certo receio, mas até então era apenas isso. Esperava-se um impacto pequeno na economia Chinesa e bola pra frente.
Conforme a situação foi se agravando, era nítido que o vírus causaria um certo estrago na Ásia. E aqui falo da questão econômica, afinal é impossível mensurar o valor da vida humana.
Passou mais um tempo e a situação começou a ganhar proporções assustadoras. O que começou como um surto localizado logo se espalhou para outras partes do continente, e depois do mundo.
O que era um problema para os mercados da Ásia logo evoluiu para um problema sério na Europa. O surto na Itália e a forte queda nas bolsas europeias mostraram o tamanho do impacto que o Coronavírus foi capaz de causar.
Mas e o Bitcoin?
O Bitcoin vem em forte queda durante boa parte do mês de fevereiro. As últimas duas quartas-feiras marcaram perdas significativas não apenas para o BTC, mas para o mercado cripto de modo geral.
A questão é que a queda do Bitcoin não está necessariamente ligado ao Coronavírus. É importante ter em mente que diversas análises apontavam a necessidade de uma correção no Bitcoin, vide que o ativo subia forte desde a segunda metade de dezembro. Há ainda a questão do halving, da mineração, da discussão regulatória. Diversos fatores interferem no preço.
Se olharmos o ouro, por exemplo, veremos um ativo de segurança, que costumeiramente sobe de valor durante momentos de crise. Foi assim com a crise de 2008 e foi assim no ano passado, no início do conflito econômico entre China e Estados Unidos.
No gráfico abaixo você pode conferir que o ouro terminava 2019 em alta. A procura pelo ativo foi grande durante a maior parte do último ano. O surto do Coronavírus, gerando caos no mercado, fez com que a procura aumentasse ainda mais, fazendo o preço decolar no mês de fevereiro.
Gráfico por: TradingView
O ouro seguiu fielmente a cartilha do “ativo de segurança”.
Já o Bitcoin, mesmo estando em queda recente, não pode ser desprezado como tal. Conforme o ouro subia em janeiro, o BTC também subia. Quanto mais as tensões envolvendo o vírus se inflamavam, mais estabelecidos ficavam os ativos.
Por mais que não tenhamos visto o Bitcoin decolar desordenadamente com o surto, diferente dos mercados tradicionais, pudemos vê-lo agir de maneira quase independente à crise global. Ok, o BTC caiu durante o agravamento do surto, mas, como citamos anteriormente, existem vários outros fatores na mesa.
O comportamento não é o mesmo do ouro, até porque não precisa ser. O Bitcoin pode (e deve) reagir ao mercado, mas sempre à sua maneira, em seus termos. O surto do Coronavírus não pode ser dito como bom para o Bitcoin, mas também não pode ser apontado como um grande entrave para o mesmo.
O mais certo a se dizer é que não, o Bitcoin não é imune ao Coronavírus, mas não está tão exposto a ele como os ativos tradicionais. No fim das contas, com ou sem Coronavírus, 1 Bitcoin segue valendo 1 Bitcoin.
- Ouça nosso podcast: Webitcast #01 – Bitcoin e as crises econômicas