Opinião: O metaverso só funciona se for descentralizado

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Isto definitivamente não pode ser chamado de “metaverso”, Zuckerberg. Imagem: Reprodução

Vaidade e arrogância estão levando a Meta ao fundo do abismo; interoperabilidade e privacidade são pilares implícitos do metaverso

Rede centralizada? Não, obrigado

Se você faz parte do mundo cripto há algum tempo, sabe que está testemunhando a vanguarda da Web3: uma rede mundial de computadores renovada, cada vez mais descentralizada e distribuída.

Já estamos todos conectados há algum tempo, é verdade; mas a maneira como nos conectamos se tornará, obviamente, mais personalizada, ágil e dinâmica. O metaverso é uma das grandes ideias em evolução para estreitar os laços humanos.

Você, representado(a) por um avatar – ou seja, uma representação digital sua – será capaz de adentrar em diversos universos tridimensionais para conversar com outras pessoas, fazer compras, consultas médicas, estudar, jogar, conferir um empreendimento imobiliário antes da compra etc.

Sim, o metaverso é basicamente isto, apesar de bobos e ingênuos dizerem que não existe uma definição clara sobre a coisa. Trata-se de uma “extensão” do mundo real, por assim dizer. Ou um “jogo online massivo, só que muito maior”, na linguagem dos nerds (no sentido mais positivo da expressão, claro).

Acontece que a Meta (ex-Facebook) fundou a Reality Labs, divisão (supostamente) especializada em metaverso, para tentar trazer um falso sentimento de pioneirismo ao mercado. Porém, os investidores não parecem ter gostado da ideia e do trabalho porco que foi apresentado até agora. O que deu errado, afinal?

Por que a Meta não faz sentido?

Desde que a gigante das redes sociais iniciou sua saga no metaverso, registrou apenas prejuízos: cerca de US$ 50 bilhões foram perdidos, segundo a Exame. É possível que, até o final do ano, o desempenho financeiro seja ainda pior.

As apresentações patéticas do “metaverso” de Zuckerberg, com gráficos defasados e detalhes que lembram excessivamente personagens de desenhos animados, parecem com as últimas produções lançadas para o Playstation 2, cuja produção foi descontinuada em 2013.

Os avatares da Horizon Worlds, aplicação de metaverso da empresa, não tem pernas. Curioso ninguém ter pensado que “pessoas pela metade” poderiam quebrar por completo a imersão.

Tudo parece incrivelmente artificial, mas sem a intenção de sê-lo; não se trata de algo pensado, como podemos facilmente conferir em projetos como The Sandbox (SAND) e Decentraland (MANA).

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Decentraland: visão libertária e acessível assegura o crescimento do projeto. Imagem: Forbes

Outros produtos foram anunciados e já estão em fases de testes, mas eles não estão necessariamente conectados ao ecossistema central de Horizon Worlds – e essa é uma das características mais desconexas e esquisitas.

Tanto a grave falha de conceito como a péssima comunicação com o público estão levando uma das maiores empresas do mundo a rever, inclusive, seu quadro de funcionários. A Meta anunciou recentemente sua primeira demissão em massa desde sua fundação, ocorrida em 4 de fevereiro de 2004.

Descentralizar é preciso

Pessoas que têm dificuldade de compreender o que é, ou para que serve o metaverso, precisam entender que ele não faz o menor sentido fora de ecossistemas descentralizados e distribuídos.

Pode ser que, em um determinado lugar, você não encontre tudo o que precisa; por que não sair de um universo digital e migrar diretamente para outro, de maneira rápida, segura e simplificada?

Sim, existem várias tecnologias Blockchain que garantem interoperabilidade com outras. Algo completamente diferente do que empresas monopolistas executam.

Pense bem: por que você deixaria nas mãos de uma única empresa a responsabilidade de gerir uma extensão de sua vida cotidiana na rede? Ora! Como se não bastasse o altíssimo grau de intrusão e espionagem que tais companhias copiosamente exercem sobre nossas vidas!

Mark Zuckerberg, fundador da Meta, realmente acreditou que o público devoraria facilmente seus novos produtos. O sucesso de suas redes sociais certamente o envaideceu. Mas nada como uma grave crise para provar o quão errado ele esteve durante todo esse tempo.

Foto de Rafael Motta
Foto de Rafael Motta O autor:

Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.