Inteligência Artificial (IA) aplicada a políticas públicas já é um caminho sem volta mundo afora. Veja como o Brasil poderá ser beneficiado

Seguindo a Nova Zelândia, Malásia também inclui IA em seu orçamento para 2020

O Ministro de Comunicação da Malásia informou esta semana que o governo do país pretende apresentar um modelo de atuação para que políticas públicas sejam suportadas por inteligência artificial e prometeu resultados concretos já para meados de 2020.  O porta-voz do governo destacou que IA poderá ajudar o país asiático a ser mais ágil, eficiente e capaz de resolver assuntos mais complexos. Ele também prometeu que assim que este modelo de atuação estiver concluído, será iniciada uma segunda fase que consistirá em decidir quais assuntos deverão ser priorizados.

Em maio deste ano, o governo da Nova Zelândia reforçou seu caixa em TI para investimentos sociais com o objetivo de aprimorar técnicas de coleta e análise de dados para IA. Cerca de $30 milhões de dólares já foram disponibilizados para o setor responsável pela coleta e administração de impostos, equivalente à Receita Federal do Brasil. A intenção é utilizar IA para descobrir padrões de pessoas em situação de vulnerabilidade, através da coleta de dados dos pagadores de impostos. Esses dados poderão ser cruzados com informações demográficas e econômicas, por exemplo, e ajudar o governo neozelandês a direcionar recursos mais assertivamente e criar novos programas sociais para quem mais precisa.

Como funciona a IA para políticas públicas

O conceito de IA existe desde a década de 50. Entretanto, apenas em 2017, o pesquisador inglês Geoffrey Hinton, da Universidade de Toronto, no Canadá, foi capaz de aprimorar a técnica para que o modelo fosse capaz de “aprender com os próprios erros”.

Para se ter uma idéia de como a inteligência artificial funciona, abaixo mostramos um sistema do Google que foi interligado a um antigo jogo de ATARI chamado “Breakout”. Perceba que o sistema necessita de um tempo para “aprender as técnicas e regras do jogo” e que após 240 minutos de treino ele joga perfeitamente bem.

https://youtu.be/V1eYniJ0Rnk

A idéia central da IA para políticas públicas é que esta técnica seja aplicada na resolução de problema cotidianos, buscando soluções para reduzir pobreza, economizar recursos públicos e, consequentemente, gerar mais bem-estar ao contribuinte. Um sistema de monitoramento do tráfego em uma grande cidade tem a capacidade, por exemplo, de identificar um carro clonado em segundos e informar sua posição via GPS apenas comparando dados obtidos por câmeras em tempo real com uma base de dados das polícias.

Na área da saúde, sistemas de IA de hospitais que trocam informações entre si conseguem identificar surtos em um determinado local. Basicamente, o sistema aprende baseado em estatísticas anteriores que quando um determinado número de pacientes com sintomas similares é atingido, isto significa que existe grande chance de haver um surto naquele local e um alerta é enviado para autoridades.

E o Brasil ?

Lutar contra a inteligência artificial é tão eficiente quanto lutar contra aplicativos de transporte, como o UBER ou Cabify. A IA no Brasil precisa ser estruturada e pensada não como mais um fator gerador de desemprego, mas sim como um propulsor de novas oportunidades. Empresas serão criadas com esse viés e atividades rotineiras desaparecerão, inclusive no funcionalismo público. No entanto, novas profissões ligadas à criatividade, que é o ponto fraco da IA, surgirão. Órgãos responsáveis pela coleta e divulgação de dados, como o IBGE, terão um papel fundamental de alimentar toda essa estrutura que está por vir.

Foto de William Vianna
Foto de William Vianna O autor:

Engenheiro de Telecomunicações e Data Scientist, atua como Management Consultant na Austrália, onde reside e respira ares de novas tecnologias.