Para Mark Karpeles, a segurança do Bitcoin precisa melhorar

Mark Karpeles é ex-CEO da MtGox, plataforma japonesa que foi líder mundial e desapareceu do mercado após um rombo milionário. Recentemente, o processo respondido pelo executivo teve um ponto final

Conhecido pela comunidade ligada aos criptoativos por ser autor do novo livro “Cryptocurrency 3.0” e pela história de falência da MtGox, que os leitores ficam conhecendo melhor logo em seguida, Mark Karpeleses lançou um alerta, em recente entrevista ao segmento japonês da plataforma Coindesk. “É perigoso que o Bitcoin continue a existir com a atual tecnologia de criptografia”, disse ele.

Karpeless chamou a atenção para o fato de não existir tecnologia permanentemente segura, destacando, portanto que os protocolos que dão suporte às criptomoedas precisam de atualização. A entrevista também foi uma deixa para o que está sendo analisado como um ressurgimento das cinzas, depois dos problemas judiciais enfrentados pelo ex-CEO da MtGox. Mark Karpeless está anunciando seu novo projeto, uma startup com foco em desenvolver um sistema operacional seguro baseado em blockchain que promete superar os atuais players e o terá como diretor de tecnologia.

A Tristan Technologies Co é registrada no Japão e surge, de acordo com apontamentos do CTO da nova empresa, tendo como um dos objetivos a recuperação da liderança japonesa global para o setor de tecnologia. Um espaço que, para Karpeless, foi perdido para os Estados Unidos, tendo em vista a atuação de gigantes como Apple, Amazon e Facebook .

Os bastidores em torno da MtGox

Lançada em 2010 e sediada na capital do Japão, a MtGox foi líder de mercado dentre as exchanges de critptomoedas, chegando a ser associada a 70% do total de transações globais em Bitcoins. Em 2014, no entanto, a corretora repentinamente encerrou as operações, após um inexplicado sumiço de aproximadamente 850.000 BTCs pertencentes a clientes e à empresa. Parte do valor, inclusive, conseguiu, desde então, ser restituída.

A alegação do então CEO da MtGox é de que a plataforma teria sofrido um hack, mas as investigações em torno do caso levantaram suspeita de má conduta, rendendo a Mark Karpeless a acusação de criar um suposto esquema fraudulento, com desvio de aproximadamente 340 milhões de ienes (cerca de US $ 3 milhões) da exchange. A partir da manipulação de dados, Karpeles teria transferido 340 milhões de ienes pertencentes a clientes da Mt. Gox para sua conta pessoal, entre setembro e dezembro de 2013.

Os promotores do caso chegaram a pedir uma pena de 10 anos de prisão para Mark Karpless, mas a decisão final, no julgamento ocorrido em março de 2019, o declarou culpado de adulteração de registros, mas inocente em outras acusações relacionadas a apropriação indébita e quebra de confiança, o que o manteve fora da prisão. Durante todo o processo, o executivo alegou inocência e disse lamentar não ter podido evitar a invasão que resultou no rombo.

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Foto de Daniela Risson O autor:

Jornalista desde sempre interessada pelos canais digitais, tem se dedicado à estratégia e produção de conteúdos. Em 2018, se aproximou da temática das criptomoedas e atua como redatora de projetos do mercado financeiro digital.